Diante da injustiça, a covardia se veste de silêncio (Julio Ortega) - frase do blog http://www.findelmaltratoanimal.blogspot.com/

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Estrangeiros demais comprando terras no Brasil

O litoral do Nordeste brasileiro, apesar de ter pouquíssima Mata Atlântica, é privilegiado pelas belas praias. Até aqui não há novidade. Sabemos disto e, na medida do po$$ível, tentamos usufruir destas águas quentes. O estrangeiro também e com muito mais privilégio, já que o poder aquisitivo é maior.
Lotes e mais lotes, pousadas e hotéis, restaurantes... são comprados! Não é só no Nordeste.
Foi publicada no site www.vermelho.org.br, por Umberto Martins, uma matéria em que Lula tenta barrar estas vendas. Obviamente que o problema é mais antigo, mas vale ficarmos alertas.
O “acidente” no Golfo do México e suas conseqüências ao meio ambiente podem ser um leve indicio a omissão: é impressionante como algumas ONGs também presentes no Brasil estão caladas e não estão fazendo nada ou quase nada para denunciar esta calamidade. Nesta sexta-feira segue outra matéria mais aprofundada sobre este tema.

Lula: venda de terra a estrangeiro compromete soberania nacional
O presidente Lula está preocupado com o volume crescente de compra de terras brasileiras por estrangeiros e promete medidas para coibir a venda. Em sua opinião, respaldada pelos partidos progressistas e os movimentos sociais, a aquisição de propriedades rurais pelas multinacionais compromete a soberania alimentar da nação e não deve ser tolerada.
O governo deve encaminhar ao Congresso Nacional uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) “para deixar claro aos investidores que podem investir em qualquer campo, mas não em terras”, afirmou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, em entrevista ao jornal Valor.

Apetite das multinacionais

De acordo com estatísticas do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a área total do território brasileiro sob propriedade alienígena chega a 4,037 milhões de hectares e cresce cotidianamente. É relevante notar que o levantamento do instituto não inclui propriedades de empresas supostamente nacionais que na verdade são controladas, direta ou indiretamente, por capitalistas de outros países.
O problema torna-se mais sério na medida em que o tempo passa e as autoridades brasileiras não adotam providências, pois todo santo dia, ainda conforme o Incra, estrangeiros compram cerca de 12 quilômetros de terra brasileira, uma área seis vezes maior que o Principado de Mônaco, um pequeno país europeu.
O apetite das multinacionais tem como pano de fundo o aumento da demanda mundial por recursos naturais, a escassez de água, a crise alimentar e a elevação dos preços da terra, conforme observou o jornalista Mauro Zanatta, no Valor (22-6). Ao lado disto, pesa também o vigoroso desenvolvimento do chamado agronegócio, com destaque para a cultura da cana, no Brasil.

Concentração

Ao todo já são 34.218 propriedades rurais sob controle de capitalistas estrangeiros, sendo que 38% desses imóveis estão no Centro-Oeste, onde a área média é de 473 hectares. Os 100 maiores imóveis somam 763,2 mil hectares, sendo que o maior deles é um latifúndio com 31,3 mil hectares.
Entre 2002 e 2008 o Investimento Externo Direto (IED) em terras brasileiras somou 2,43 bilhões de dólares. Fundos internacionais com carteira superior a 10 bilhões de dólares têm sido cada vez mais agressivos nos investimentos em terra, segundo o Valor.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) critica a liberdade que o capital estrangeiro desfruta para aquisição de imóveis rurais argumentando que isto potencializa a concentração da terra no país, eleva os riscos de controle da agricultura nacional pelas transnacionais e inflaciona os preços da terra.

Herança perversa

A entidade, que defende os interesses do conjunto da classe trabalhadora rural (assalariados e agricultores familiares), entende que é preciso assegurar o controle público sobre o território nacional e uma regulação mais rigorosa do direito ao imóvel rural para garantir a soberania alimentar e a função socioambiental da propriedade, preconizada pela Constituição.
Neste caso, conforme o ministro Guilherme Cassel, ocorre uma unidade de interesses entre pequenos, médios e grandes produtores rurais, “da Kátia Abreu [presidente da CNA] ao João Pedro Stédile [dirigente do MST]”. Afinal, restringir o acesso à propriedade privada nesse terreno “não fere o capitalismo”, observou. O excesso de liberalismo no campo, assim como nas cidades, é outra herança perversa dos governos tucanos presididos por FHC.

Umberto Martins, com Valor e Contag